Primavera
Passamos metade da nossa vida à procura da nossa “alma gémea”. E será que ela existe mesmo? Às vezes está mesmo à nossa frente e nós nem vemos.
Perdemos tempo com coisas sem importância, complicamos demasiado, preocupamo-nos demais…e o tempo passa, e o que poderia ser uma relação estável e duradoura, não passa de dois ou três meses de tentativas falhadas de ser feliz.
Temos de parar de tentar, desesperadamente, encontrar alguém que preencha a nossa vida. Devemos sim, esperar, viver cada momento, cada gesto, cada palavra, como se fossem únicos .
Julgamos baralhar sentimentos quando os únicos baralhados somos nós. Não paramos tempo suficiente para pensar no que realmente sentimos.
Queremos viver uma vida inteira em cinco minutos.
Passamos por cima de pessoas e sentimos em prol de uma relação que julgamos ser única. Magoamo-nos, magoamos pessoas, magoam-nos…e para quê? Para depois perdermos tudo de um dia para o outro e só depois percebermos que aquele sentimento rápido e jovem era, afinal, mais forte do que alguma vez julgámos.
E depois cai-nos o céu aos pés. Julgamos morrer sozinhos, no meio de tanto sofrimento. Procuramos respostas, inventamos desculpas, inventamos fantasmas… deixamos passar o tempo e não passa.
O tempo não cura mágoas, só as afasta.
Quando percebemos que poderia ter, realmente, funcionado, poderá ser tarde demais.
Mas o que é isso de ser tarde demais? É medo de arriscar outra vez, é medo de cair, de perder tudo pela segunda vez…é medo do vazio ficar maior dentro de nós. Mas depois, o que poderá acontecer se não arriscarmos? O vazio continua na mesma, e até pode surgir outra pessoa, mas as lembranças serão sempre as mesmas. O rancor de não ter arriscado antes perdura e a dúvida se teria resultado fica para sempre.
Nunca saberemos se não arriscarmos.
E digo-vos, é preferível arriscar e cair novamente, do que passar uma vida a lamentar nunca o termos feito.
Mas arriscar sem perdoar erros passados não faz sentido. Para quê arriscar se os fantasmas persistem? Voltaremos ao mesmo e nunca seremos felizes. Arriscaremos sem medos, sem lembranças que nos afectem, construiremos um presente baseado no futuro e não baseado no passado.
Arrisquem, sejam felizes, permitam-se a isso.
Deveríamos todos tentar, pelo menos uma vez na vida!
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